quinta-feira, 21 de maio de 2015

Um dia... cada novo dia

O sol iluminou a divisão escura e um raio brincalhão foi dançar no seu rosto. A custo, abriu um olho para perceber que o dia amanhecera. Tacteou o espaço vazio ao seu lado na cama.
- Acorda dorminhoca - do outro lado do quarto, a voz rouca e baixa fê-la sorrir.
- Anda deitar-te, dormia mais umas horas.
- Tenho planos muito mais interessantes para nós, bebé.
- Ai é? - ela sentou-se na cama.
- Sim, mas antes preciso de ti alimentada. Não te quero a cair pro lado com o esforço.
- Vem cá que eu alimento-me de ti.
- Tanto tempo perdido a preparar o pequeno almoço. Mas como pode um pobre homem resistir a um convite desses?

Ele aproximou-se da cama e deixou cair a toalha que só lhe tapava a parte inferior do corpo. Ao avistar a erecção dele, ela sentiu água crescer na boca e lambeu os lábios, inconscientemente.
- Não podes imaginar o que fazes comigo ao lamberes os lábios dessa maneira, miúda.
- Mostra-me - provocou ela.
- Deita-te - ordenou ele.

(Continua)

domingo, 26 de abril de 2015

... in Love

Depois de um almoço pautado pela boa disposição, sentaram-se novamente no sofá; contrariando os receios de A., a conversa entre eles brotava facilmente, ambos esqueceram os seus principais temores, juntos sentiam-se felizes como há muito tempo não conseguiam ser.
- Sentes-te bem? - Perguntou N., fazendo-lhe uma festa na cara.
- Sim, contudo, é inevitável não pensar que isto acabará dentro de algumas horas e terei de voltar à realidade.
- Não penses nisso agora, quando disseste que vinhas, combinamos que iríamos passar um dia divertido, que eu te faria rir muito e não estarias triste em momento algum. Eu faço de palhaço se for preciso para que te rias.
- Não precisas de te esforçar, olhar para ti é suficiente.
- Ai é? - Puxou-a para o colo e encheu-a de cócegas. A. tentava controlar o riso mas era impossível, sentiu que naquele lugar ou onde ele estivesse estaria sempre bem e teve medo desse sentimento. O que ela não sabia é que ele sentia o mesmo.

Entre gargalhadas e gritinhos abafados, os seus lábios ficaram próximos, quando olharam dentro dos olhos um do outro não puderam esconder, a sintonia era a mesma, ambos queriam render-se e afundaram-se um no outro.
A. prendeu com as pernas o corpo de N., que entre beijos e carícias a levou até à cama na divisão ao lado.
Atirou-a de encontro à cama e deliciou-se com a visão de uma gata que se enroscava de tesão. De joelhos, observou-a, atentamente, ela sentou-se na cama e puxou-o pelo colarinho da camisa, agarrando-lhe o cabelo desalinhado encostou os lábios ao seu ouvido e desafiou: "Esta é a tua grande oportunidade, sempre disseste que sabias do que és capaz, só precisavas que te deixassem prová-lo", N. sorriu e não lhe deu oportunidade de desistir, agora era dele e faria de tudo para se satisfazer daquela mulher.
Um a um, com cuidado, desabotoou os botões dos jeans dela, esperava o seu consentimento, quando ela cerrou os olhos, deixou-lhe as pernas a descoberto e ficou a observar com atenção. Passou as mãos pelas pernas nuas que perscrutou de seguida com beijos suaves. Quando ela se apercebeu estava completamente despida na mira dele e olhava-o nos olhos, à espera do primeiro sinal de arrependimento dele que demonstrou precisamente o contrário ao iniciar o caminho de beijos precisamente na direção inversa, iniciando na covinha do seu pescoço até que atingiu o seu sexo húmido, quente, pronto para o receber. Ao sentir a excitação de A., ficou ainda mais louco, enquanto a estimulava sentia o corpo dela contorcer-se, podia ficar assim para sempre, a ouvir a sua respiração ofegante e os seus gemidos. Mas ela estava ansiosa, não queria ter um papel passivo naquela luta, delicadamente empurrou-o de encontro à cama e agarrou no seu sexo duro numa fome avassaladora engoliu-o enquanto N. revirou os olhos, a sua língua deslizava em movimentos rápidos e os seus lábios tinham um aspeto ainda mais delicioso à medida que adquiriam a mesma tonalidade de um morango, e aquele olhar pervertido que lhe lançava enquanto fazia o membro pujante entrar e sair da boca, sentia-se invadido por um prazer inexplicável mas queria mais, queria ser parte dela, como sentia que ela já fazia parte dele, preenche-la não de uma forma vazia de sentimentos como se habituara a fazer nos últimos tempos mas com a força dos que nutria por ela, talvez ainda não fosse amor mas corria o risco de ser em breve. Passou-lhe a mão pelo rosto e delicadamente puxou-a para si, A. adotou uma postura dominante e ondulava o corpo como uma cobra perigosa, N. corria o risco de não aguentar mais, quando os seus corpos latejantes se fundiram ambos soltaram um gemido profundo, os movimentos dela eram mais céleres, ela sabia onde queria chegar, mas ele jamais permitiria que fosse assim, ele tinha de saber como era dominar uma controladora; os dois de joelhos, beijavam-se com fúria, uma necessidade avassaladora, N. passou ao redor do corpo dela, quedando-se mais uma vez a observá-la, quando tinha as costas dela viradas para ele começou por percorrer com a língua a sua coluna vertebral, passou a mão pelos cabelos dela e tapou-lhe a boca, com a outra mão tocou no seu clítoris endurecido e ela começou a ceder, o seu corpo parecia estar acometido por pequenos choques, ela dobrou-se sobre a barriga e ele aceitou o convite, sabia que não podia parar aquelas investidas até explodir de prazer, agarrava-a pela cintura e continuava naquele ritmo que quase a conduzia à loucura, ambos sabiam que se estava a aproximar o clímax, era partilhado o frenesim de tesão.

Quando sentiu o sexo latejante jorrar dentro de si também ela atingiu outro orgasmo e outro...

Deixaram-se ficar em silêncio, tentando recuperar da sofreguidão que os acometera. Por instantes, o mundo tinha acabado e restaram somente os dois.

Falling...

O relógio da estação marcava as 7.30h, restavam 15 minutos de ansiedade em que o coração batia expectante pela partida e o raciocínio exigia ficar.
À primeira chamada, entrou no comboio em passo lento a contrastar com o bater acelerado no seu peito. Uma lágrima reprimida rolou finalmente pelo rosto; o comboio partiu e já não podia voltar atrás.
Aquela viagem era quase como uma analogia à sua vida no momento, sabia que jamais recuperaria a sua vida anterior, sabia ter atingido o ponto de não retorno, só desconhecia o que a aguardava no fim da linha.

E era lá, na estação de chegada, que ele a esperava. Na sua aparente calma, passeava sobre os ténis preferidos.
Soou o aviso de chegada, o ritmo cardíaco intensificou-se mas a expressão do seu rosto permaneceu ligeira. Estava quase a ir embora quando a avistou, seria de esperar que não a reconhecesse, vira-lhe somente o rosto em fotografias que, honestamente, a faziam ter bem melhor aspeto ao vivo. Sorriu ao observar a dissonância entre a sua aparência frágil e a determinação do seu caminhar. Sempre fora bom a perceber as pessoas simplesmente pelos seus gestos e tinha de confessar que aquela mulher o intrigava: o rosto transmitia a expressão mais serena, a postura era rígida e os passos seguros. Quantos anos teria levado a construir aquela imagem. Aquela não era a menina triste que falara com ele ao telefone na noite anterior que o fizera revoltar-se e desejar tirá-la dos braços do papão. Ela personificava a confiança que sempre procurara numa mulher, mas nunca tinha visto.
Paralisado, viu-a sentar-se e procurar algo na bolsa, ela tirou o telemóvel e o seu começou a tocar quase no imediato, vê-la enquanto a ouvia provocou-lhe uma estranha sensação de realidade, ela existia, não era produto da sua imaginação.

- Não me fizeste vir a Lisboa para me deixares sozinha na estação, pois não? - A sua voz parecia diferente agora.
- Estou a observar-te desde que chegaste, mas com alguma dificuldade em mexer-me.
Ela começou a procurar o seu interlocutor, quando o encontrou sorriu e aquele trejeito no lábio fê-lo tremer. Que raio de mulher era aquela?

Quando se aproximou para a beijar na bochecha e sentiu o seu perfume percebeu-se invadido pelo desejo de se afundar no seu corpo perfumado, afastou aquele pensamento o mais rapidamente que conseguiu. Levou a mão ao seu rosto para lhe tirar os óculos escuros que o impediam de lhe ver os olhos, ela baixou ligeiramente o rosto mas não o impediu. Foi um choque encontrar as marcas de uma noite de lágrimas, os seus olhos verdes pareciam engolidos numa dimensão de dor. E ela não se controlou mais. Abraçou-a com toda a sua força e depois apercebeu-se de que estaria a magoa-la, aquele abraço era um misto de compreensão e raiva. À medida que o soluçar dela no seu peito se tornava mais intenso, mais sentia vontade de torna-la sua, mesmo que o preço a pagar fosse demasiado alto.
- Vá, vamos sair daqui - devolveu-lhe os óculos.
Entraram no carro e não trocaram uma única palavra durante o que lhes pareceu uma eternidade, nenhum dos dois parecia querer interromper o silêncio. Ela deu o primeiro passo:
- Onde me levas?
- Ao céu, minha querida - e olhou-a de relance, sorrindo. 

sexta-feira, 10 de abril de 2015

New inspiration

Há muito que o fogo se extinguira
E nos olhos dela o brilho se apagou
As noites desenfreadas, o tesão...
Ele partira.
Coração despedaçado, alma em retalhos...
E o sorriso fingido que camuflava a amargura
Fantasma vagando ao incerto
Espectro do outrora, transparência do antes

E um dia o sol iluminou a divisão escura
Como se de novas cores se pintasse o céu
E os passos ocos no soalho do quarto vazio ganharam nova dimensão, pois dois pares de pés agora o pisam
Chegaste tu...
Energia em forma humana.
Força da natureza em pinceladas artísticas de tons vibrantes numa tela branca

E o meu corpo ganhou nova vida...
Pronto a ser tomado pelo teu abraço e beijo exigentes. Disposta, toda tua.
E quando pensava que a existência acabara, a lagarta virou borboleta...
E quando a estrela se apagou novas constelações explodiram de um branco brilhante.

É assim o meu orgasmo.
Um big bang a cada espasmo...
E todo teu, só para ti bebé.

Deixas?

(Obrigada N. por trazeres de volta a inspiração que julgava perdida e desculpa-me, desculpa por ter estado tão profundamente adormecida que cada toque me assusta... tão magoada que cada palavra me faz esconder dentro da carapaça)



domingo, 28 de setembro de 2014

(In)Disponível

O ambiente no trabalho não podia estar mais de cortar à faca...
Está pesado, o R. anda insuportável e toda a gente já começou a perceber que piorou substancialmente desde que começamos a trabalhar juntos. Até me chego a sentir envergonhada pois sinto-me uma birrenta menina mimada. 

Fui "abençoada" com uma gripe terrível. Entre chá e lenços de papel, ganhei um visto de uma semana para recuperar.
Sexta-feira ao fim do dia, já a amaldiçoar a inércia e o nariz entupido, recebo uma chamada. Quando vejo no visor do telemóvel a identificação do chamador ia atirando o aparelho contra a parede. 

- Sim? - atendi com o tom mais indiferente que consegui. 
- Soube que estás doente. Precisas de alguma coisa? Acabei de sair do escritório, posso levar-te o jantar. 
- Não é preciso, obrigada - "A Sério?! Estás todo queridinho porquê?!"
- Não me custa nada. Deves estar mesmo muito doente para ficares em casa, gostava de poder ajudar. 
- R.? 
- Que foi?
- Não precisas de te incomodar. Eu posso cuidar de mim, sozinha. 
- Meu Deus!! Podes deixar de ser a rainha de gelo por uma noite? Quero ajudar, quero cuidar de ti... Quero... Sei lá o que raio é que quero! Fodasse!!!

Ele desligou-me o telefone na cara?! Mas que grande lata a deste gajo. 
Levantei-me do sofá e comecei a andar de um lado para o outro da sala como um animal enjaulado e enfurecido. 
"Tenho de ir tomar um banho! Que raiva!"
Enchi a banheira até metade com água quente, acendi uma vela com perfume de framboesa e comecei a tirar a roupa. 
Fui-me lembrando das mãos do R., aqueles dedos compridos e com nós salientes, quase sentindo a forma como ele me tocou. E podia jurar que ficavam marcadas na minha pele as suas impressões. O cheiro dele invadiu as minhas narinas (impossível porque nem consigo respirar), uma memória sensorial potentíssima. Fechei os olhos e inclinei o pescoço para a direita, a sentir os lábios dele percorrê-lo, a mordiscar o lóbulo da minha orelha. 
Entrei na banheira e senti o choque térmico, quase como a descarga elétrica da minha pele em contacto com a dele. 
Os meus mamilos endureceram e tive de os tocar para diminuir a dor que senti. Apertei-os entre os dedos, delicadamente a desejar os seus lábios e língua ao redor deles. Apertei um seio contra o outro e só queria ter o seu membro grosso e duro entre as minhas mamas, mexer-me em torno dele e deixá-lo completamente louco. 
 "Não! Basta!" 
Tomei o meu banho rapidamente, sai da banheira, sequei-me e vesti o pijama. 
Não lhe ia dar mais uma das minhas noites, nem mais um dos meus pensamentos. 

Retirado da web


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Insónia

Mais uma noite de insónia. Deito-me na cama e fecho os olhos, mas o barulho da chuva nos vidros não me deixa dormir. 
Passo a mão pelo pescoço a tentar relaxar, desço-a pelos ombros, toco as minhas mamas, sinto os mamilos endurecer e recordo os teus lábios; a tua boca cheia e carnuda. Continuo a descer a minha mão pela minha barriga, a sentir cada centímetro dos meus contornos e posso ver, agora, os teus braços fortes e as tuas mãos enormes que quase sinto me agarram com força. À medida que aproximo os dedos do núcleo de calor do meu corpo, imagino o teu sexo erecto e pronto para me preencher.
Escorrego ainda mais para a inconsciência...

Retirado da web
Era escura a noite que nos encobria
Naquele encontro furtivo
Mas podia ver nos teus olhos o brilho do desejo 
E o sopro fino que fugia dos teus lábios
Do meu corpo em ondas de calor libidinoso fluíam movimentos lentos e ritmados
Dançávamos em silêncio um ritual animal, unicamente movidos pelo instinto
Queria ter-te e sentir-te
Beijar dos teus lábios a luxúria
Mas havia uma distância de segurança a manter
Libertador e nocivo, lascivo e aliciante...
Somente no mais íntimo dos pensamentos 
percorria os teus braços com a mão hesitante. 
Sempre um sonho, nada mais do que a imaginação. 

Agora desisto de tentar dormir, vou beber um café quentinho na beirada da janela e ver a chuva cair.

Bons sonhos! 

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

No more slave

O fim de semana passado foi de introspecção e auto análise. 
Sozinha, debrucei-me sobre os meus pensamentos,  desejos e erros cometidos no último ano. 
Fundamentalmente,  a anulação pessoal e o silêncio a que me vetei foram os "sintomas" que sobressaíram. 
Acreditava e confiava cegamente na pessoa que tinha ao meu lado, descobri da pior forma que controlo e manipulação são muito distintos. 
Agora estou a recomeçar,  erguer a muralha que foi destruída. 
De volta a este meu pequeno mundo apercebi-me que já nem a minha identificação faz sentido.  Por isso,  a partir de agora sou Just Mysterious...